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Arquiforma: Decano dos Arquitectos




O espaço é o vazio, e a arquitectura é o eco do espaço visível na forma e dimensão. A arquitectura é a premissa da pureza restritiva do nada numa realidade criativa dos sonhos.


Decano dos Arquitectos

Decano dos arquitectos portugueses, Fernando Távora foi um dos fundadores da chamada “escola do Porto”. Mestre de Siza Vieira e Souto de Moura, introduziu, nos anos 50, uma reflexão inovadora sobre o papel social da arquitectura em Portugal. Como criador de uma nova lógica de arquitectura, prestou sempre atenção às paisagens originais, utilizando-as como dados culturais a integrar no diálogo com a estrutura final. Entre as suas obras mais notáveis contam-se a Casa de Ofir, a remodelação do Museu Soares dos Reis ou da Casa dos 24.

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Sensível, dedicado, brilhante, Fernando Távora é um dos pais fundadores da arquitectura moderna portuguesa. Nasceu no Porto em 25 de Agosto de 1923. Licenciado pela Universidade de Belas-Artes, na cidade que o viu nascer, deixou várias obras de referência - à semelhança da Casa de Ofir, da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, da recuperação da Casa dos 24 ou do Convento das Irmãs Franciscanas de Calais - mas foi sobretudo um pedagogo, prolífero em conferências tanto a nível nacional quanto internacional. Lutou pelo nascimento da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, onde foi professor catedrático e deu também aulas na Universidade de Coimbra, que o congratulou com o título “honoris causa”.

Como docente, defendia a conversa informal, uma concepção de aula revolucionária para a época. “Ensinou-nos que era possível inovar, amar e reabilitar o património com inteligência e grande brilhantismo”, afirmou Helena Roseta, presidente da Ordem dos Arquitectos, em declarações ao “Diário de Notícias”, por altura da sua morte. Távora será eternamente moderno. Copiado por todos, é homenageado por todos os seus discípulos.

Sem dúvida um pioneiro na reabilitação do património arquitectónico nacional, aliava o classicismo ao movimento moderno com um toque de inovação. Distinguiu-se pelas suas propostas originais - atitude pouco usual no País, onde se importavam sobretudo os modelos europeus. Esse exercício de fusão e criatividade, fazia-o desde pequeno, influenciado pelo pai, formado em Direito, mas profundamente interessado na arquitectura. A mãe, por seu lado, proprietária de inúmeras casas antigas, garantia-lhe campo de intervenção.

Empenhado em fazer progredir a arquitectura no País, introduziu, a partir dos anos 50, uma reflexão inovadora sobre o seu papel social. Tanto que integrou o famoso Inquérito à Arquitectura Popular Portuguesa (1955), cujo trabalho de campo veio demonstrar que as linhas nacionais, de grande variedade, não denunciavam apenas uma tipologia. O tema já havia merecido a sua reflexão desde 1947, ano que em publicou o texto “O Problema da Casa Portuguesa”, e viria a ser abordado novamente na publicação “Da Organização do Espaço” (1962 e 1982).

“Eu, realmente, não posso ver uma janela sem ver o lado de lá”, afirmava Fernando Távora, ao tentar explicar a importância das pequenas grandes coisas. Porque, para ele, a concepção de novos espaços não seria algo de sublime e transcendental, mas “um trabalho feito pelo homem para o homem”. Era-lhe, por isso, indispensável prestar atenção às paisagens originais, utilizando-as como dados culturais a integrar no diálogo com a estrutura final. Essa arquitectura humanizada foi reconhecida por diversas vezes: arrecadou o 1.º Prémio de Arquitectura da Fundação Calouste Gulbenkian; o Prémio “Europa Nostra” (pela Casa da Rua Nova, em Guimarães); o Prémio Turismo e Património de 1985, e o Prémio Nacional de Arquitectura de 1987 (pela Pousada de Santa Marinha). Foi também tema de exposições de renome no Smithsonian Institution, de Washington, no Museu Soares dos Reis do Porto, na “Europália 91”, na Trienal de Milão ou a Bienal de Veneza.

Faleceu no dia 3 de Setembro de 2005, mas a sua obra promete ser eterna. Um português a recordar, segundo Miguel Soromenho, historiador da arte: “Alguém que, pelos seus actos ou pelas suas obras, deixou um legado que ultrapassa a sua vida física”.



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