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Arquiforma: 'Volume versos Forma'




O espaço é o vazio, e a arquitectura é o eco do espaço visível na forma e dimensão. A arquitectura é a premissa da pureza restritiva do nada numa realidade criativa dos sonhos.


'Volume versos Forma'

De todos os volumes que tratam das «leis» da beleza arquitectónica, este é por certo o mais original. Partindo de uma fé teosófica declarada, o autor afirma que a arte é uma expressão de vida cósmica, que se revela em leis naturais de que o artista poderá não ter consciência mas que são constantes em toda e qualquer obra de arte.

No quadro das artes, os dois pólos são constituídos pela música e pela arquitectura. A primeira vive essencialmente no tempo, a segunda, no espaço. Dizer que a arquitectura é música petrificada é formular «uma definição poética de uma verdade filosófica, porque tudo aquilo que na música é exprimido através de intervalos harmoniosos de tempo pode ser traduzido em correspondentes intervalos de vazio e cheio arquitectónico, em altura e largura». A música dinâmica, subjectiva, mental, unidimensional; a arquitectura é estática, objectiva, física, tridimensional. Segue-se um resumo histórico, em que as formas de cada período são interpretadas como símbolo do pensamento da época; termina assim o primeiro capítulo que, sob certo aspecto, é o menos interessante.

A unidade é a primeira lei da arquitectura. A segunda é a Polaridade: todas as coisas têm sexo, masculino ou feminino; na arquitectura verifica-se um contacto constante entre masculino (simples, directo, positivo, primário, activo) e o feminino (indirecto, complexo, derivativo, passivo, negativo); «as formas duras, direitas, fixas, verticais são masculinas; as suaves, curvas, horizontais, flutuantes são femininas». A coluna é masculina, a arquitrave, feminina; o ábaco é masculino, o equino, feminino; os tríglifos, masculinos, as métopas, femininas; uma torre é masculina, um telhado plano, feminino.

A terceira lei é a Trindade: os elementos, masculino e feminino, em contacto, tendem para uma terceira coisa, que é neutra. Derivado dos dois factores arquitectónicos, o vertical e o horizontal, temos o arco. A quarta lei é a Consonância: o microcosmos é eco e repetição do macrocosmo; os tríglifos são o eco das colunas dóricas, a cúpula de Brunelleschi ecoa nas cupulazinhas adjacentes. Em outras palavras, repetição com variações. A Diversidade na monotonia é a quinta lei: a beleza das arcadas medievais depende do facto de, num esquema mecânico, se verificarem variações, muito embora perceptíveis. O Balance é a sexta lei, enquanto a sétima consiste na Transformação rítmica: como um dedo humano se alonga numa diminuição rítmica, assim também a coluna grega se adelgaça ritmicamente, o que explica a ênfase. A última lei, a Radiação, remete para a lei originária do universo através das suas linhas mestras.


O templo do corpo é o titulo do capitulo seguinte, que aplica as teorias antropométricas as plantas e elevações. Segue-se a Geometria latente, que aponta diversos casos em que uma rigidez de composição geométrica, de figuras simples, subtende as formas arquitectónicas. A aritmética da beleza analisa as leis numéricas da arquitectura, e o último capitulo, Música petrificada, mostra como as proporções da arquitectura podem ser traduzidas em frases musicais correspondentes às escalas fundamentais.

Amplamente ilustrado, este livro, dentro dos limites do assunto, é interessante e sem duvida alguma de leitura agradável.

Bragdon, Claude, The Beautiful Necessity, Alfred A. Knopf, Nova Iorque, 1922.

"O mundo mudará menos com as determinações do homem do que com as adivinhações da mulher"

Claude Bragdon



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