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Arquiforma: Utopia de Cassiano Branco




O espaço é o vazio, e a arquitectura é o eco do espaço visível na forma e dimensão. A arquitectura é a premissa da pureza restritiva do nada numa realidade criativa dos sonhos.


Utopia de Cassiano Branco

Projecto para a urbanização da Costa da Caparica, 1930

Um passeio que se estende ao longo da marginal; um canal artificial para embarcações de recreio; uma alameda onde passam velozes automóveis; amplos espaços de estacionamento; um estádio desportivo, um casino dois hotéis e outros equipamentos culturais e lúdicos; pessoas que se dirigem para a praia atravessando pontes pedonais sobre o canal ou que entram para os edifícios. A Costa da Caparica poderia ter sido assim...

Esta visão exuberante do arquitecto Cassiano Branco lembra inequivocamente os planos de Le Corbusier para Paris ou as visões utópicas de Sant'Elia. E, todavia, é altamente provável que o arquitecto não os conhecesse. Tal como muitos dos arquitectos seus contemporâneos Cassiano Branco tinha um conhecimento limitado do que se passava no resto da Europa: escassas viagens, revistas raras, alguns relatos vagos.
É este contraste com um contexto atrasado e uma mentalidade tacanha que torna este projecto singular. Recorde-se que nesta altura apenas uma percentagem ínfima dos projectos era assinada por arquitectos e somente alguns deles modernistas. Com a proposta para este local - que só muitos anos mais tarde viria a ser alvo de interesse do poder político e da especulação imobiliária - e a organização a pensar no automóvel Cassiano Branco demonstrou uma visão muito à frente da sua época. Para o bem ou para o mal, uma utopia.

 
 
Sinopse

Existindo poucos documentos sobre a vida e obra do arquitecto Cassiano Branco, o livro de Paulo Tormenta Pinto transforma-se num valioso arquivo histórico da vida e percurso profissional de um arquitecto que marca categoricamente o século XX.
Cassiano Branco, apanhado pelo movimento modernista e direccionado pelo ideal épico do Estado Novo, é o reflexo confuso de um modernismo pouco conseguido em Portugal e uma vontade política de enaltecimento do nosso passado histórico, numa mistura indistinta entre a arquitectura e a cenografia.
Numa vida pautada pela constante luta pelos favores do Estado, Cassiano foi autor de obras de referência como o Éden-teatro, o Coliseu do Porto, o Grande Hotel do Luso, o Portugal dos Pequenitos em Coimbra, o Cinema Império e inúmeros edifícios nas avenidas novas de Lisboa. Um arquitecto responsável por uma imagem mais moderna do nosso país e da sua capital, Lisboa.

Não é sempre que um designer formata conteúdos que o apaixonam, e não é sempre que a entidade que os fornece possui um nível de excelência como o autor, arquitecto Paulo Tormenta Pinto. Quando isso acontece o resultado só pode ser um: qualidade. E é num mar de qualidade e excelência que decorre a existência criativa de Cassiano.

Wim Wenders, em Until The End Of The World recorreu à escadaria do cinema Éden para evocar o futuro...



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